quinta-feira, 5 de março de 2015

ENGANASTE-TE...

Ando ao tempo para te dizer isto: enganaste-te no perfume!
Ainda sinto a repulsa em espasmos lentos e ontem, quando entrei no autocarro, apeteceu-me empurrar porta fora uma "escandalosamente loura" que tresandava. E ria-se, a sirigaita. Fui para o trabalho nauseada mas levava comigo um dilema maior: como é que se atam as botas com unhas de gel daquele tamanho? Ok, as unhas eram decentes, as botas é que não. Corri para o google mal cheguei ao escritório, e descobri uma panóplia infindável de botas daquelas. São dos chineses e eu, parva, não desconfiei. Só me intrigavam os atacadores, que acompanhavam as botas até ao topo, acima do joelho, vê lá tu...
Ah, o perfume, já me esquecia. A loura cheirava a ele, e bati de frente com o dia em que deixaste aberto o email da minha prima Marina. Com que então andaram a experimentar os meus perfumes e ela (a Marina), preferiu aquele. E ainda teve o descaramento de to pedir, para usar com a lingerie da Victoria's secret que lhe ofereceste no dia "em que fizeram seis meses". Ainda não decidi o que vou fazer-vos, a ti e à Marina, mas tu hás-de saber da pior maneira que aquele perfume tem uma história...talvez peça ao Filipe que ta conte. Ele é um exagerado nos pormenores, já sabes, mas nisto até me convém. Depois dele, nunca mais usei o perfume, e ficámos sem pinga de sangue os dois quando fizeste toda a gente parar para me ver abrir o teu presente. Pior ainda foi teres sugerido à minha mãe que o experimentasse, lembras-te? Andei toda a noite a evitá-la, eu e o Filipe, que se desdobrou em explicações à Marina quando ela lhe atirou um "parece que andas a fugir" e lhe perguntou se estava chateado com a tia Alzira. Apanha tudo, a Marina. Mas eu, também.
I.P
05.03.15












terça-feira, 3 de março de 2015

A TORRE

"Se destruissemos todos os sonhos dos homens,a terra perderia suas formas e suas cores e nós adormeceríamos em uma cinzenta estupidez."
Jacques Anatole France

Ter medo das cores porque nos são desconhecidas é normal. Recusar viver no cinzentismo, também!
Uma vez descoberto o arco-íris jamais viveremos no cinzento e, no castelo de sonhos que construímos, erguemos uma torre para ficar mais perto do céu, contemplar o infinito e acreditar que a plenitude existe e pode ser experimentada. Sobes comigo?

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

QUERO LÁ SABER DO QUE PENSAS...

Quero lá saber do que pensas. Não me roubas o sorriso. Hoje não!
Hoje não, que o sol brilha mais alto e os sons lá fora crepitam de vida a chamar por mim. Também os ouves?
Primeiro foram os pássaros e agora ouço chávenas a serem arrumadas e vapor a assobiar entre risos e tagarelices.
O jornal da manhã, já leste?
Então não leias. Ficas ainda mais carrancudo e as rugas a ti também não perdoam. Quem julgas que és?
Vens pra rua?
Traz óculos de sol. Sempre tapas as olheiras desta noite mal dormida. Tens que dar descanso ao humor que te corroi, já te disse?
E o fígado? Arroz branco todos os dias, já sei. Lembraste a Josefa de to fazer?
Enviei-te a conta do médico pelas miúdas. Desculpa lá mais essa mas as despesas também acordam todos os dias.
Marca as férias, não te esqueças. És sempre igual todos os anos. Depois arranjas uma desculpa à última hora e a Sofia tem que ir com aquela "amiga" do ano passado. Chama-se Rui, tu é que não sabes. Por falar nisso, gosto da Sofia. É uma miúda inspiradora. Percebi-o nas boxers da Calvin Klein que ontem vi no teu estendal. Ainda me lembro da tua teimosia com os "biquínis de algodão". Não há mulher que aguente!
Cheguei ao trabalho. Acabou-se o facebook e os emails. Não tens facebook? "Temos pena". Adoro esta expressão das tuas filhas. E agora deu-me jeito.
Até logo.
Ps - Os sais de frutos estão na primeira gaveta da secretária. A Clarisse conhece-te como eu. Afinal, vinte anos são vinte anos!

REMANDO CONTRA A MARÉ...

Estou triste.
Nada a que não esteja habituada neste universo do "quem pode, pode, e quem não pode arranja um tacho".
Invariavelmente experimento esta sensação de remar contra a maré, quando, sem surpresa, me deparo com a omnipotência do "sistema". Todos os erros, injustiças e incompetências são responsabilidade dele. Do sistema, claro!
E o sujeito, além de omnipotente, é também omnipresente. Cerca-nos qual jibóia sorrateira, detecta-nos o movimento e o calor, envolve-nos, e por fim sufoca-nos...
Nesta metafórica selva, amigos, mantenham o low profile e os olhos bem abertos. É que o "sistema" tem outra superior virtude:
É omnisciente!

O TANTO QUE EU NUNCA TE DISSE.

Nunca te disse o quão importante és para mim,
porque o medo de te perder me paralisa.
Nunca te disse Obrigado,
porque o amor retribui-se sem agradecer.
Nunca te disse quantas vezes por dia penso em ti,
porque teria que telefonar-te de hora a hora.
Nunca te disse que é bom estar contigo,
porque quando estou me perco nesse instante.
Nunca te disse nunca,
porque tudo é possível entre nós.
Nunca te disse amanhã,
porque amanhã é distante demais.
Nunca te disse volta,
porque não vou deixar-te partir.
 E é tanto o que eu não te disse!

ENTENDER (ou não)...

Depois de um dia cujo saldo quero avaliar pelas duas últimas horas (leia-se 18.30/20.30) retive no pensamento que esta nossa necessidade de compreender os outros e as situações que nos envolvem, não é mais do que uma forma de entender as coisas como resolvidas (entendo=resolvido). Na verdade, esta condição de permanente busca de compreensão, muitas vezes esgota-nos
e faz-nos perder tempo porque nem sempre tudo é compreensível...
Foi então que ao abrir o feed, uma querida amiga tinha postado a seguinte afirmação:
Esqueça essa história de querer entender tudo.
Em vez disso, VIVA,
em vez disso, DIVIRTA-SE!
Não analise, CELEBRE!
...Osho
Obrigada Rute. Vou lembrar-me disto :)

ESTAR NAS SETE QUINTAS.

No meu pacote de açúcar do café, no almoço de sábado com colegas, estava escrito:
ESTAR NAS SETE QUINTAS
significado: Estar contente, sentir-se feliz e realizado.
origem: Diz uma lenda antiga que os reis Portugueses possuíam no concelho do
Seixal, sete quintas, onde o rei e a comitiva passavam vários fins-de-semana. Quando estavam nas suas sete quintas, estavam, portanto, felizes.
Não descendo de sangue azul, não possuo as ditas sete quintas e até vivo mais prós lados do Ribatejo profundo e das lezírias a perder de vista. Mas asseguro-vos que não só dos bens materiais provem esse estado de espírito, que estar contente é inato (uns são outros não) e que a felicidade e a realização dependem sempre dos horizontes de cada um, e do seu empenho em atingi-los.
A meu ver, a felicidade plena não existe porque somos seres insatisfeitos por natureza que sempre ambicionam algo que ainda não tiveram/têm, mas existem momentos felizes e que nos realizam.
Quando olhamos para os nossos filhos e vemos neles reflectido todo o empenho em formar homens e mulheres de valor (e com valores), o peito enche-se de orgulho, a emoção toma posse dos sentidos e, por muitas coisas que tenhamos deixado para trás, abdicado ou ignorado, da-mo-nos conta que podemos dizer: sinto-me realizada/o!